A alegria de que falamos aqui é um sentimento moderado e constante que aparece na vida dos cristãos, não como uma virtude única, mas como o resultado de todas as outras. É como um rio que é alimentado pela paz de confiar em Deus, pela esperança na vida eterna, pelo prazer de fazer o bem e pelo amor fraternal. Não existe sentimento bom que não traga ou não leve à alegria. Mesmo as tristezas e problemas, que desesperam quem não crê, trazem paz à alma de quem confia, preparando-a para uma alegria especial.
O que mais ajuda a manter essa alegria é a caridade (amor ao próximo) que "tudo espera". Essa esperança é a certeza de que Deus pode mudar ou melhorar o coração das pessoas cujos erros nos causam dor. Essa esperança nos protege da tristeza de pensar no destino final dos pecadores. É também essa esperança que nos permite conviver alegremente com as falhas dos nossos irmãos na fé, acreditando que eles podem melhorar.
Alegria também é importante na convivência com pessoas que não tem bons valores. Embora não aprovemos o que elas fazem, mantemos a amizade na esperança de mostrar a elas o bem que vem de Deus. Manter-se longe delas com desprezo ou tratá-las como se estivessem perdidas e sem esperança, com um silêncio arrogante, não combina com a bondade e a compaixão de Jesus. É a alegria que torna a bondade atraente; sem ela, até os anjos pareceriam assustadores.
Uma postura alegre ilumina a fé de algumas pessoas e transforma deveres simples em algo notável. Ela desarma os pequenos aborrecimentos e nos ajuda a rir dos acidentes da vida. Sem essa alegria, a gentileza seria fria, e a fé seria vista de modo equivocado. Cumprir todos os deveres da vida social com cara de luto é ridículo.
É um erro pensar que a alegria é incompatível com a tristeza pelos pecados ou com o desejo de ser melhor. Durante um arrependimento profundo, a alegria é menor, claro. Mas a tristeza por ter ofendido a Deus (tristeza piedosa) é o que mais prepara a mente para dias felizes.
Um coração sensível, uma fé viva e uma grande esperança são reflexos de uma fé madura que permite enfrentar os problemas pessoais com calma, praticar a abnegação (fazer o que não gosta para o bem) com prazer, e sofrer por Jesus com mansidão e alegria.
Por fim, a alegria não deve ser confundida com a leviandade (excesso de bobagem) ou com o fingimento. A alegria cristã é um estado da mente, que é demonstrado no rosto, e não um excesso de riso ou um sorriso forçado.
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